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**Eu sou**

**Eu sou**

tranquila,

um pouco tímida,

um tanto teimosa,

algumas vezes nervosa,

extremamente sentimental.

Choro com facilidade,

e frequentemente me perco em pensamentos,

mais nas nuvens do que no chão.

Sou bastante distraída

e, por isso, acabo quebrando algumas coisas.

Amo o mundo das cores,

a beleza das águas,

a poesia,

e a conexão com as pessoas.

Sou devota de Nossa Senhora em diversas formas e de Santa Teresinha.

Aprecio a cor rosa,

e sou completamente apaixonada por café.

Aprendi a dançar e até a voar com a imaginação.

Meu nome é uma homenagem a Jorge Amado.

 

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**A Vida Bordada**

**A Vida Bordada**

Era um dia ensolarado de verão em 2017, típico de janeiro. Eu estava organizando uma

exposição para o ano seguinte, com minhas pinturas, gravuras e ilustrações, mas sentia

que algo ainda faltava. Naquela época, frequentava aulas de pintura no estúdio da

Catarina Gushikken, onde uma colega havia criado um quadro bordado. Aquilo era

exatamente o que eu precisava, mas eu não sabia bordar. Decidi, então, aprender através

do YouTube e comecei a bordar para a exposição, uma arte que não abandonei mais.

Independente do clima – às vezes com frio, outras vezes na praia – meus pontos sempre

estavam presentes, tecendo mares e peixes, além de casas que surgiam da minha memória

afetiva. Resolvi documentar minha trajetória com o bordado, quase como um diário. Estou

preparando uma nova exposição, desta vez exclusivamente dedicada aos bordados, que

prometem ser ainda mais significativos.

Durante a pandemia, um período marcado pelo isolamento social, encontrei na costura

um refúgio. Muitas peças foram criadas nesse tempo, como bailarinas e nadadoras,

bordados que misturavam crítica e suavidade, similares ao mar. Criei auto-retratos e textos

que expressavam minha profunda paixão pelo bordado.

A canção que toca a alma….

“Canto de um povo

A cada dia o sol se ergue

Ao fim da tarde, lágrimas se derramam

A beleza do tempo

A canção que toca a alma

Alma que se eleva

No entardecer as lágrimas caem

Choram como o último raio de sol

Que entra pela janela

É a hora da saudade

Que nos faz chorar

Todos os dias o sol se levanta

E a lágrima seca

Até o cair da tarde

O canto de um povo

O canto da alma.”

 

**As Coisas Simples da Vida**

**As Coisas Simples da Vida**

– Bordar enquanto admiro o mar

– Brincar com minhas cachorrinhas

– Sentir o afeto da ti

– A boneca que ganhei hoje

– O cafezinho quente

– A tinta que desliza pela tela

– Capturar memórias com a fotografia

– A música de Milton Nascimento e Caetano Veloso

– Os poemas na voz de Bethânia

– As canções latinas do RBD

– A areia na praia

– A carne moída com batatinhas

– O bolo de chocolate

– As flores que embelezam a casa

– As linhas que entrelaçam histórias

– As ondas do mar acariciando a areia

– A piscina com sua água azul

– Um bom livro que encanta a mente

– A pureza das crianças

– A beleza de um ballet….

 

 

Livros e Pontes …

“O período de encantamento da infância durante a quarentena transforma os livros em

pontes, que se tornam janelas para novas realidades. Cadernos repletos de tristeza e

brinquedos esquecidos permanecem na passagem do tempo que continua a girar.

Enquanto lá fora um vírus ameaça, e amigos correm riscos, a essência do tempo e a vida

das palavras persistem. Os livros mantêm-se vivos; atrás dos muros de nossos lares, ainda

há vida e histórias a serem descobertas nas páginas que nos cercam…”

texto feito em março de 2020

**O Elevador**

**O Elevador**

Era uma vez um dia em que tive um surto de pânico no elevador, com minhas duas

cachorrinhas. Fiquei muito nervosa, e minha cachorrinha maior também. Ela latia, enquanto eu chorava.

Nunca gostei de elevadores; para mim, eles parecem uma caixa, e você fica presa lá.

Às vezes, tenho vontade de me refugiar em um lugar onde só haja bichinhos. Não me dou

bem com cidades onde tudo sobe. Não gosto de avião, de montanha-russa, de roda-

gigante… de tudo que vai para o céu. Prefiro ter os pés no chão.

Minha cachorrinha mais velha me puxou; uma delas estava dormindo, enquanto a maior gritava.

Até a vizinha do 3º andar me tirar do elevador, atrapalhando assim o seu almoço.

O elevador voltou a funcionar, mas logo parou com outra pessoa. E minha cachorrinha latia de dentro do meu quarto.

Minha família nunca entendeu muito bem meu pânico.

Eles vivem  lá em cima.

Eu preciso ver o chão, as crianças gritando na pracinha em frente ao prédio, os carros

buzinando, as luzes, as músicas que vêm dos carros que insistem em andar com o som alto.

Das alturas, só gosto de olhar as nuvens e as estrelas que brilham.

Doce aroma de morangos.

Escrever para mim sempre foi um alento para a alma; é como bordar com palavras.

O bordado e a escrita sempre caminham juntos. A palavra é capaz de trazer simplicidade

em momentos difíceis, simplificando meu caminho. Enquanto a aula se desenrolava pelos

labirintos das palavras, a realidade me incomodava com os problemas do mundo. Pessoas

que acreditam que a vida funciona apenas por cifras, com seus próprios relógios e palavras

duras, esquecem que existe poesia e simplicidade do outro lado da cortina.

Por outro lado, no meu mundo criativo, me voltei para as palavras simples. Um universo

onde elas deslizam puras, distantes da rigidez do cálculo. As palavras fluíam suavemente,

exalando o cheiro de morango do meu caderno de Moranguinho. E havia, ainda, a

companhia da boneca que acabara de ganhar, semelhante à que tive na infância. Era uma

boneca de 1984, reedição de uma famosa fábrica de brinquedos, marcada por um símbolo

de estrela sob o céu nublado de uma noite de quinta-feira.

A boneca, ainda na caixa, me acompanhava, trazendo o sal da vida em pedaços de açúcar

e o doce aroma de morangos.

A vida, efêmera

A vida, efêmera por essência, foi sempre permeada pela preocupação paterna em evitar

minha tristeza. Há quinze dias, em uma ligação marcada por lágrimas, eu expressava meu

desalento sem conseguir articular claramente meus pensamentos. Do outro lado da linha,

meu pai, pacientemente escutava : “Fale com calma, pare de chorar.” Revelava então meu

medo de solidão; ele prometeu visitar no final de semana para o lançamento do meu livro.

A memória mais vívida que guardo é nossa última conversa presencial no dia do evento,

rindo juntos ao discutir sobre minha coleção de bonecas Barbie e RBD – um sonho infantil

realizado. Ele sempre me viu como sua menina pequena, mesmo que

subconscientemente. Aquela conversa reiterou minha dualidade: uma escritora e artista

plástica com exposições  ainda encantada por bonecas. O colar de pomba que ganhei em

um aniversário e as bonecas Frozen que ele me presenteou continuam a fazer companhia

em meu quarto e alimentam minhas fantasias criativas. Mesmo após o 4 de julho, quando

perdi um pouco da luz  da infância com o falecimento do meu pai , continuo a abraçar a

simplicidade dos novos sonhos e a pureza de estar rodeada por minhas cachorrinhas. Este

relato foi elaborado durante uma sessão de escrita terapêutica; reflete não apenas uma

perda, mas a persistente influência paterna em minha jornada pessoal e criativa.

Dificuldades na expressão do afeto em português.

“No mundo de hoje, as pessoas são muito proficientes em matemática, no entanto, muitas

vezes apresentam dificuldades na expressão do afeto em português. Elas dominam os

números, mas podem encontrar desafios ao tentar transmitir o sentimento de amor

através das palavras. Por mais simples que pareça, a palavra ‘amor’ contém apenas quatro

letras, no entanto, alguns indivíduos estão mais familiarizados com dígitos do que com a

verdadeira essência e significado dessa palavra.”

Exposição Rita Lee – SP

Um Pouquinho da Exposição de Rita Lee: Reflexões sobre a Originalidade e a Rebeldia

Em agosto de 2023, a estação Campo Belo do Metrô de São Paulo se transformou em um

verdadeiro santuário da cultura pop, ao receber a exposição “Um Pouquinho” em

homenagem à icônica Rita Lee. Esta artista, marcada por sua ousadia e inovação, tornou-

se um símbolo de rebeldia e autenticidade, não apenas na música, mas na forma como

viveu e se apresentou ao mundo. Ao refletir sobre essa experiência, não posso deixar de

lembrar da minha tia, uma mulher que, assim como Rita, sempre foi à frente de seu tempo,

com seu cabelo ainda ruivos  e uma personalidade vibrante que encantava a todos ao seu redor.

A exposição “Um Pouquinho” não apenas reverenciou o legado de Rita Lee, mas também ofereceu um espaço para a interação e a descoberta. Era possível ver de perto artefatos,

ilustrações e bordados  que narravam a trajetória da artista, desde o começo na banda Tutti Frutti até seu triunfante percurso solo.

Cada peça exposta contava uma história de inovação e resistência, destacando não apenas sua música, mas sua postura desafiadora diante das convenções sociais.

Rita sempre desafiou o que era esperado de uma mulher no cenário musical, e essa exibição trouxe à tona essa luta silenciosa que muitas mulheres enfrentam.

Particularmente emocionante foi a conexão que pude estabelecer entre Rita e minha tia. Ambas, com cabelos ruivos  que simbolizavam sabedoria e vivências, compartilhavam um espírito indomável.

A cor rosa-choque que perpassava a exposição refletia essa essência: uma explosão de cor e personalidade que destoa do cinza da monotonia.

A ligação entre a arte de Rita Lee e a trajetória pessoal de minha tia ressoa com força.

Ambas foram pioneiras em seus próprios domínios, e a exposição serviu como um

lembrete de que a individualidade deve ser celebrada. As paletas de cores, as referências

culturais e a ousadia palpável nas instalações capturaram a essência do que significa ser

fiel a si mesmo, mesmo quando isso significa nadar contra a corrente.

Ao percorrer os corredores da exposição, eu me vi pensando na importância de criar

espaços onde vozes diversas possam ser ouvidas e celebradas. Rita Lee, com sua

autenticidade, não apenas influenciou gerações de músicos, mas também empoderou

pessoas a abraçar suas singularidades. Assim, a homenagem a essa artista transcendeu a

música; tornou-se um manifesto por todas as “ovelhas negras” que, em suas pequenas ou

grandes revoluções diárias, desafiam as normas e buscam um espaço ao sol.

Encerrando minha visita, ficou claro que “Um Pouquinho” não era apenas uma

homenagem a Rita Lee, mas um convite para que todos nós exploremos nossas próprias identidades e aventuras.

O espírito livre da artista ecoou em cada canto, lembrando que, assim como minha tia,

todos temos o poder de moldar nossa própria narrativa. A exposição fez com que eu saísse

não apenas celebrando uma artista, mas refletindo sobre a riqueza de ser único e a

coragem que isso exige em um mundo que muitas vezes tenta nos uniformizar.