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Um texto sobre o meu pai ….

Texto escrito em julho de 2024….

“Todo mundo sabe que sempre gostei de escrever. Para mim, escrever é uma forma de ir

além,além de mim mesma. Nunca havia escrito um texto sobre meu pai, talvez porque

precisasse de tempo para colocar as palavras no papel. Hoje, surgiu em mim a vontade de

escrever, e então me perguntei: o que escrever? Lembrei da penúltima conversa que tive

com ele, já que a última foi sobre minha nova cachorrinha! Sim, nossos assuntos variavam,

desde questões sérias até se a cachorrinha estava devidamente coberta contra o frio. Às

vezes, eu interrompia a conversa, dizendo: “espera um pouco, sua neta quer subir na

cama”. Acho que, no final, ele se acostumou a ser “avô de cachorrinho”, pois, ao meu lado,

era assim que teria netos, rs!

A penúltima conversa foi, como sempre, sobre ballet e natação. Sempre fui apaixonada

por ballet, enquanto meu pai achava que eu deveria levar a natação mais a sério!

Ele queria uma nadadora, e eu desejava ser bailarina.

Por mais incrível que pareça, no final do ano passado, ele foi me ver dançar e disse que

achou bonito! E quanto à natação? Pai, essa semana não consegui ir nem à natação nem

ao ballet, mas juro que voltarei a nadar e a dançar. Agora, não tenho mais ninguém para

discordar se a natação é melhor que o ballet ou vice-versa.

Fiz um desenho de quando era criança, na piscina, vestida de bailarina. Sentirei saudades

das nossas pequenas teimosias!”

**Eu sou**

**Eu sou**

tranquila,

um pouco tímida,

um tanto teimosa,

algumas vezes nervosa,

extremamente sentimental.

Choro com facilidade,

e frequentemente me perco em pensamentos,

mais nas nuvens do que no chão.

Sou bastante distraída

e, por isso, acabo quebrando algumas coisas.

Amo o mundo das cores,

a beleza das águas,

a poesia,

e a conexão com as pessoas.

Sou devota de Nossa Senhora em diversas formas e de Santa Teresinha.

Aprecio a cor rosa,

e sou completamente apaixonada por café.

Aprendi a dançar e até a voar com a imaginação.

Meu nome é uma homenagem a Jorge Amado.

 

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**A Vida Bordada**

**A Vida Bordada**

Era um dia ensolarado de verão em 2017, típico de janeiro. Eu estava organizando uma

exposição para o ano seguinte, com minhas pinturas, gravuras e ilustrações, mas sentia

que algo ainda faltava. Naquela época, frequentava aulas de pintura no estúdio da

Catarina Gushikken, onde uma colega havia criado um quadro bordado. Aquilo era

exatamente o que eu precisava, mas eu não sabia bordar. Decidi, então, aprender através

do YouTube e comecei a bordar para a exposição, uma arte que não abandonei mais.

Independente do clima – às vezes com frio, outras vezes na praia – meus pontos sempre

estavam presentes, tecendo mares e peixes, além de casas que surgiam da minha memória

afetiva. Resolvi documentar minha trajetória com o bordado, quase como um diário. Estou

preparando uma nova exposição, desta vez exclusivamente dedicada aos bordados, que

prometem ser ainda mais significativos.

Durante a pandemia, um período marcado pelo isolamento social, encontrei na costura

um refúgio. Muitas peças foram criadas nesse tempo, como bailarinas e nadadoras,

bordados que misturavam crítica e suavidade, similares ao mar. Criei auto-retratos e textos

que expressavam minha profunda paixão pelo bordado.

A canção que toca a alma….

“Canto de um povo

A cada dia o sol se ergue

Ao fim da tarde, lágrimas se derramam

A beleza do tempo

A canção que toca a alma

Alma que se eleva

No entardecer as lágrimas caem

Choram como o último raio de sol

Que entra pela janela

É a hora da saudade

Que nos faz chorar

Todos os dias o sol se levanta

E a lágrima seca

Até o cair da tarde

O canto de um povo

O canto da alma.”

 

**O Amargo da Vida**

**O Amargo da Vida**

– Mensagens repetitivas no WhatsApp

– Um mundo que só pensa em dinheiro

– Sentir-se preso no elevador

– Pessoas sem empatia pelo próximo

– Aqueles que veem minhas cachorras apenas como animais (elas são minhas filhas)

– Café sem açúcar

– Dias frios

– Tempestades intensas

– A dor da guerra

– Doenças que nos afligem

– Filmes tristes

– Quem não ama bichos e plantas

– A rosa que murcha

– A dor da perda, quando alguém parte.

**As Coisas Simples da Vida**

**As Coisas Simples da Vida**

– Bordar enquanto admiro o mar

– Brincar com minhas cachorrinhas

– Sentir o afeto da ti

– A boneca que ganhei hoje

– O cafezinho quente

– A tinta que desliza pela tela

– Capturar memórias com a fotografia

– A música de Milton Nascimento e Caetano Veloso

– Os poemas na voz de Bethânia

– As canções latinas do RBD

– A areia na praia

– A carne moída com batatinhas

– O bolo de chocolate

– As flores que embelezam a casa

– As linhas que entrelaçam histórias

– As ondas do mar acariciando a areia

– A piscina com sua água azul

– Um bom livro que encanta a mente

– A pureza das crianças

– A beleza de um ballet….

 

 

Livros e Pontes …

“O período de encantamento da infância durante a quarentena transforma os livros em

pontes, que se tornam janelas para novas realidades. Cadernos repletos de tristeza e

brinquedos esquecidos permanecem na passagem do tempo que continua a girar.

Enquanto lá fora um vírus ameaça, e amigos correm riscos, a essência do tempo e a vida

das palavras persistem. Os livros mantêm-se vivos; atrás dos muros de nossos lares, ainda

há vida e histórias a serem descobertas nas páginas que nos cercam…”

texto feito em março de 2020

**O Elevador**

**O Elevador**

Era uma vez um dia em que tive um surto de pânico no elevador, com minhas duas

cachorrinhas. Fiquei muito nervosa, e minha cachorrinha maior também. Ela latia, enquanto eu chorava.

Nunca gostei de elevadores; para mim, eles parecem uma caixa, e você fica presa lá.

Às vezes, tenho vontade de me refugiar em um lugar onde só haja bichinhos. Não me dou

bem com cidades onde tudo sobe. Não gosto de avião, de montanha-russa, de roda-

gigante… de tudo que vai para o céu. Prefiro ter os pés no chão.

Minha cachorrinha mais velha me puxou; uma delas estava dormindo, enquanto a maior gritava.

Até a vizinha do 3º andar me tirar do elevador, atrapalhando assim o seu almoço.

O elevador voltou a funcionar, mas logo parou com outra pessoa. E minha cachorrinha latia de dentro do meu quarto.

Minha família nunca entendeu muito bem meu pânico.

Eles vivem  lá em cima.

Eu preciso ver o chão, as crianças gritando na pracinha em frente ao prédio, os carros

buzinando, as luzes, as músicas que vêm dos carros que insistem em andar com o som alto.

Das alturas, só gosto de olhar as nuvens e as estrelas que brilham.

Doce aroma de morangos.

Escrever para mim sempre foi um alento para a alma; é como bordar com palavras.

O bordado e a escrita sempre caminham juntos. A palavra é capaz de trazer simplicidade

em momentos difíceis, simplificando meu caminho. Enquanto a aula se desenrolava pelos

labirintos das palavras, a realidade me incomodava com os problemas do mundo. Pessoas

que acreditam que a vida funciona apenas por cifras, com seus próprios relógios e palavras

duras, esquecem que existe poesia e simplicidade do outro lado da cortina.

Por outro lado, no meu mundo criativo, me voltei para as palavras simples. Um universo

onde elas deslizam puras, distantes da rigidez do cálculo. As palavras fluíam suavemente,

exalando o cheiro de morango do meu caderno de Moranguinho. E havia, ainda, a

companhia da boneca que acabara de ganhar, semelhante à que tive na infância. Era uma

boneca de 1984, reedição de uma famosa fábrica de brinquedos, marcada por um símbolo

de estrela sob o céu nublado de uma noite de quinta-feira.

A boneca, ainda na caixa, me acompanhava, trazendo o sal da vida em pedaços de açúcar

e o doce aroma de morangos.