**A Vida Bordada**
Era um dia ensolarado de verão em 2017, típico de janeiro. Eu estava organizando uma
exposição para o ano seguinte, com minhas pinturas, gravuras e ilustrações, mas sentia
que algo ainda faltava. Naquela época, frequentava aulas de pintura no estúdio da
Catarina Gushikken, onde uma colega havia criado um quadro bordado. Aquilo era
exatamente o que eu precisava, mas eu não sabia bordar. Decidi, então, aprender através
do YouTube e comecei a bordar para a exposição, uma arte que não abandonei mais.
Independente do clima – às vezes com frio, outras vezes na praia – meus pontos sempre
estavam presentes, tecendo mares e peixes, além de casas que surgiam da minha memória
afetiva. Resolvi documentar minha trajetória com o bordado, quase como um diário. Estou
preparando uma nova exposição, desta vez exclusivamente dedicada aos bordados, que
prometem ser ainda mais significativos.
Durante a pandemia, um período marcado pelo isolamento social, encontrei na costura
um refúgio. Muitas peças foram criadas nesse tempo, como bailarinas e nadadoras,
bordados que misturavam crítica e suavidade, similares ao mar. Criei auto-retratos e textos
que expressavam minha profunda paixão pelo bordado.