Exposição no centro cultural dos correios do Rio de janeiro convite da Pomar ( clinica pomar ) professoras Angela e Marcia costa
Bailarinas bordadas na meia calça do Ballet
O balé, arte que transcende a dança, é um espaço onde sonhos se entrelaçam com a
realidade. Meias-calças utilizadas nas aulas de ballet, embora simples em sua essência,
carregam em si um mundo de histórias, aspirações e a magia do movimento. Ao refletir
sobre uma exposição de bailarinas bordadas nessas meias, recordo-me da menina que
sonhou em dançar, que via as meias não apenas como acessórios, mas como portadoras de suas esperanças.
Cada meia-calça que cruzei durante as minhas aulas possui um significado profundo.
Lembro-me das primeiras meias calças que vesti, rosas e delicadas, símbolo da inocência e
da expectativa de crescimento. Eram as meias da menina que sonhava em fazer balé,
ansiando por cada passo que a levasse mais próximo de seu grande sonho. Com o passar
do tempo, essas meias se tornaram tela para meu entusiasmo e, posteriormente, para meu
trabalho artístico, onde o bordado se transforma numa nova forma de expressão.
A proposta da exposição, apresentando bailarinas bordadas nas meias-calças, redefine a
relação entre o objeto e a artista. Cada bordado é uma expressão única de sentimentos,
memórias e experiências vividas. Utilizando a técnica do bordado, as meias transformam-
se em narrativas visuais que dançam aos olhos de quem as observa. Os fios entrelaçam-se
como passos coreografados, criando uma simbiose perfeita entre arte e movimento. A
cada fio puxado, uma nova história é contada.
Esta exposição evoca a ideia de que o balé não é apenas uma prática, mas uma forma de
arte que envolve medo, coragem, dedicação e, principalmente, a busca pela perfeição. Os
bordados nas meias calças são reflexos das emoções que a dança provoca: a alegria de
uma pirueta bem executada, a tristeza de um dia difícil e a esperança de dias melhores.
Cada detalhe do bordado traz à tona a complexidade da experiência de ser bailarina,
transformando o mais cotidiano dos acessórios em uma poderosa obra de arte.
Além disso, o conceito de imortalizar esses momentos em forma de arte se revela
essencial. As meias, que um dia estiveram afixadas a pés sonhadores, ganham uma nova vida.
O bordado perpetua a memória da dança, fazendo com que as emoções vividas em cada
aula sejam eternizadas em tecido. Torna-se uma maneira de honrar o passado, ao mesmo tempo que se projeta para o futuro — uma relação cíclica, onde o que foi vivido é transformado em arte.
Assim, ao admirar as bailarinas bordadas expostas, somos convidados a refletir não apenas sobre a técnica de dança, mas sobre a jornada emocional que a acompanha.
Essas meias-calças, aparentemente simples, tornam-se vasos para sonhos e realizações,
expressões que quase dançam diante de nós. A arte do bordado abre um diálogo profundo
entre o espectador e o artista, convidando todos a revisitar suas próprias memórias e
experiências, ressoando com a essência do balé que, assim como a vida, é uma dança
constante entre o sonho e o real.
Em suma, a exposição é uma celebração da beleza do balé e a força da arte em nos conectar com nossas próprias histórias.
As meias da menina que sonhou em dançar, agora bordadas, são herdeiras dessa paixão eterna, ecoando a mensagem de que todo passo dado é um passo de amor à arte.